sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Atlas

Meus ombros doem
Meu pescoço sofre
Minhas costas estão fatigadas
O que fiz eu afinal para merecer isso?
Apenas defendi minha geração
Da geração usurpadora
Que mal há nisso?
Toda família tem seus conflitos
A minha não foi exceção
Jamais gostei das guerras terríveis
Porém tive que lutar
Deuses contra Titãs
Pai contra filho
Da mesma maneira que Urano previu
O ciclo mais uma vez se repetiu
Foi uma batalha cruenta
Muito icor foi derramado
Éramos mais poderosos;
Poderíamos ter vencido!
Mas armas sagradas os olímpicos possuíam
Imperceptível era Hades com seu elmo
Tempestuoso era Poseidon com seu tridente
Certeiro era Zeus com seu raio
O grande Cronos foi fulminado
Seu corpo em pedaços foi retalhado
E nas sombras do Tártaro sua alma foi lançada
O senhor do tempo já não era senhor de mais nada
Nosso rei destronado
Quanto a nós,
Seus irmãos derrotados
Castigados fomos pelo impiedoso deus dos deuses
Esta foi a minha pena:
Em meus largos ombros sustentar o céu
Para sempre suportar o peso esmagador
Dos planetas, estrelas e galáxias
Já não sei a quanto tempo estou aqui
Anos, séculos, milênios...
As eras passam como folha seca carregada pelo vento
E eu continuo aqui
Eternamente sofrendo.